24 de out. de 2010


"O Cinema Noir... ou...o Drama da Redenção"

Principais elementos e temáticas do Noir (parte II)


Todos os ambientes do film noir têm em comum os seguintes aspectos: decadentes, tristes e medonhos.
Para completar todo esse cenário de angustia e pesadelo, o film noir foge do happy end, comum nas demais produções hollywoodianas. O que predominava eram os heróis deprimidos, personagens contraditórios, envolvidos em situações perturbadoras.

A sensação de inquietude, de instabilidade que se encontra no ambiente, na vida do herói e nas demais acções dos personagens é transmitida para o espectador através de um recurso narrativo chamado de voz off. Este recurso é muito utilizado no noir e serve para narrar ao espectador acontecimentos passados, de modo pessoal. Este recurso é uma característica estratégica da narrativa noire.

Outro elemento do film noir é a exploração da profundidade de campo; da frente ao fundo o enquadramento é nítido. Isso acontece, segundo alguns autores, para que a interacção entre o homem e as forças representadas pelo ambiente noir fiquem claramente visíveis. Este tipo de composição da imagem, quebra as regras tradicionais, procurando fazer com que o espectador tenha a mesma sensação de desconforto que é sentida pelo protagonista.

6 de out. de 2010


Erotic Terror, Andy Wharol e John Ford



Produto desenvolvido na década de 60 do século passado, as obras inseridas no contexto do Erotic Terror são uma forma de representação Pop do género "Terror". Representação moldada pelo espírito que se vivia na época, de libertação de inibições, com o cunho de uma cultura jovem emergente, revelando, por isso, traços de alguma ingenuídade, que resulta, na maior parte das vezes, num desenquadramento entre uma estética "light" e o choque que cinema de terror sempre intenta provocar. É, digamos, uma fusão de contrários.


Essa faceta Pop pode ser vista quer pelo lado formal assim como pelo espírito que orienta a textura do argumento de tais obras.


A propósito, convoco para aqui também a estética Pop das obras de Andy Wharol - o artista que mais profundamente encarnou o modus vivendi que o espírito da época de 60 "instituiu". Os seus trabalhos, levados a cabo em diversos quadrantes de intervenção artística, instituem, divulgam, padronizam e tranformam em ícones toda uma série de imagens produzidas pela cultura do consumo massificado.

O objecto de representação e a forma mimética do espírito Pop da época cujos ícones representa, revelaram-no como um divulgador de uma mitologia, de um determinado padrão ético e estético, retratando os seus heróis, os seus modelos.



E se referi Andy Wharol como um artista cujo trabalho se subordina à consagração de uma mitologia, preso a uma ideologia, tal perspectiva de enquadramento aplico igualmente ao realizador John Ford, fiel retratista e divulgador dos padrões éticos que a jovem nação norte-americana criou para si, retratando o percurso heróico de muitos dos fundadores dos alicerces morais da pátria.


Chegados a este ponto, vem a talhe de foice recordar o que tão oportunamente me referia, certa vez, a Sara Lourenço (colega no My One Thousand Movies): "todos os filmes obedecem a uma economia política do signo (significante)".


2 de out. de 2010


"Cinema Noir...ou...o Drama da Redenção"

Principais elementos e temáticas do Noir (parte I)


Investigados e vítimas são os elementos que, regra geral, compõem o filme Noir. Os investigadores, vão desde detectives particulares, policias, jornalistas e pessoas comuns. Estes são os protagonistas que mais se aproximam dos enredos clássicos de filmes de detectives.
O enredo de tais filmes é complexo, o investigador interroga uma série de testemunhas e suspeitos que vão traçando os caminhos do filme; o investigador perde-se em pistas falsas até chegar a uma conclusão surpreendente.

A vítima de modo geral é um homem que é acusado por um crime que não cometeu, e quando o comete tem motivações como: um lapso momentâneo; seduzido por uma mulher extremamente sensual que o convence a cometer um crime; por dificuldades financeiras ou porque está cansado da sua esposa. Este personagem é o anti-herói Noir, que acredita que a sua vida é uma partida que o destino lhe prega.

O tema mais comum é a saga de cariz dramático de um homem fácil de manipular, amargurado, ambicioso, que se envolve num crime graças às armadilhas de uma mulher gananciosa e interesseira que por ventura do destino foi colocada no seu caminho, a famosa femme-fatale.

O destino sempre lhe será adverso, mantendo-o numa situação angústiante, sem poder controlar o seu destino, desconhecendo as razões porque está a ser perseguido..."algum dia o destino ou alguma força misteriosa pode apontar-te o dedo, a ti ou a mim, sem um motivo para isso... Para qualquer lado que te vires, o destino estica a perna para te passar uma rasteira." - desabafa o protagonista do filme "Curvas do Destino".