6 de out. de 2010


Erotic Terror, Andy Wharol e John Ford



Produto desenvolvido na década de 60 do século passado, as obras inseridas no contexto do Erotic Terror são uma forma de representação Pop do género "Terror". Representação moldada pelo espírito que se vivia na época, de libertação de inibições, com o cunho de uma cultura jovem emergente, revelando, por isso, traços de alguma ingenuídade, que resulta, na maior parte das vezes, num desenquadramento entre uma estética "light" e o choque que cinema de terror sempre intenta provocar. É, digamos, uma fusão de contrários.


Essa faceta Pop pode ser vista quer pelo lado formal assim como pelo espírito que orienta a textura do argumento de tais obras.


A propósito, convoco para aqui também a estética Pop das obras de Andy Wharol - o artista que mais profundamente encarnou o modus vivendi que o espírito da época de 60 "instituiu". Os seus trabalhos, levados a cabo em diversos quadrantes de intervenção artística, instituem, divulgam, padronizam e tranformam em ícones toda uma série de imagens produzidas pela cultura do consumo massificado.

O objecto de representação e a forma mimética do espírito Pop da época cujos ícones representa, revelaram-no como um divulgador de uma mitologia, de um determinado padrão ético e estético, retratando os seus heróis, os seus modelos.



E se referi Andy Wharol como um artista cujo trabalho se subordina à consagração de uma mitologia, preso a uma ideologia, tal perspectiva de enquadramento aplico igualmente ao realizador John Ford, fiel retratista e divulgador dos padrões éticos que a jovem nação norte-americana criou para si, retratando o percurso heróico de muitos dos fundadores dos alicerces morais da pátria.


Chegados a este ponto, vem a talhe de foice recordar o que tão oportunamente me referia, certa vez, a Sara Lourenço (colega no My One Thousand Movies): "todos os filmes obedecem a uma economia política do signo (significante)".


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