
15/04/2010
O SILÊNCIO DA ESFINGE
Começar, começar, desta vez começo pelo início....o mesmo é dizer, no meu caso, que me iniciei no "My One Thousand Movies" pelo filme "Viva Zapata!", no qual me debrucei e com o qual me confortei, como se, castigado pelo frio, nele encontrasse um amável afago.
O que buscava, de que sentia a ausência, quando me lancei em busca dessa película?
Tão só os silêncios de Marlon Brando a preto e branco (silêncio mais denunciado, mais sofrido, mais só).
O preto e branco no registo das paisagens áridas do México, a angústia dos personagens, traduzida em suor nos rostos lustrosos e humilhados; o erotismo de tudo isso a dar o enquadramento adequado para os silêncios do actor de rosto esfíngico (qual Apolo imperturbável).
Ontem escrevinhava nas margens de um livro que lia mal lido, dizendo a mim próprio
que no mar de fluxos e correntes, de turbulência e paixão, de riso e esquecimento, a que chamam CINEMA, gosto de lembrar-me dos silêncios de Marlon Brando, delta onde desaguam os sedimentos da dor do mundo, em ondas de paixão contida.
zé alberto
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